Patologias do Ombro
O Ombro é uma articulação complexa formada pela cabeça do úmero, cavidade glenóide da escapula e a articulação acrômio-clavicular. É ela a articulação de maior eixo de movimento, podendo executar movimentos simples ou conjugados.
São considerados os movimento simples e normais do ombro:
- Abdução - Abrir
- Adução - Fechar
- Rotação interna - Mover a palma da mão para dentro
- Rotação externa - Mover a palma da mão para fora
Sendo os movimentos conjugados :
- Adução com rotação interna
- Abdução com rotação externa
- Circunvolução
Para que todos estes movimentos ocorram de uma maneira normal é indispensável a integridade muscular, óssea, tendínea e articular.
Dentre os músculos que participam ativamente da movimentação do ombro, devemos citar como principais o Deltóide, o Supra espinhoso, o Infra-espinhoso e o Sub escapular. Outros músculos também estão envolvidos na movimentação, porém, de uma maneira menos importante.
Sindrome do impácto
O processo de abdução normal do braço, ocorre nos primeiros 30 graus, às custas, basicamente, da musculatura deltoidiana, continuando após, pelo esforço exercido por quatro músculos (supra espinhoso, infra espinhoso, sub escapular e redondo menor) que se unem recebendo uma denominação única; tendão do manguito dos rotatores.
Ao atingir aproximadamente 60 graus de abdução, o úmero encontra resistência na articulação acrômio clavicular, obrigando que a escápula participe do movimento, deslizando. Caso isto não ocorra, por oposição de uma força contrária, as estruturas interpostas entre a cabeça do úmero e a articulação acrômio clavicular (bolsa sinovial e tendão do manguito dos rotatores) sofrem um traumatismo por esmagamento cuja magnitude é variável, sendo que o mesmo processo pode ocorrer em movimentos de circunvolução contra resistência.
Quando nos referimos à Síndrome do Impacto, estamos falando do impacto compressivo sofrido por estas estruturas, cuja magnitude poderá determinar desde pequenas tendinites do manguito dos rotatores até mesmo a ruptura de alguns dos seus tendões.
Diversas atividades cotidianas, bem como atividades esportivas e de recreação são responsáveis por esta doença que é encontrada, com certa freqüência, em nadadores de borboleta, tenistas, jogadores de volley, praticantes de musculação, praticantes de ginástica localizada , donas de casa e mesmo executivos.
Particularmente nas donas de casa, os hábitos de estender roupas em varais altos, pegar objetos em armários altos ou mesmo pegar suas bolsas deixadas no banco de trás do carro, obrigam a um movimento de alavanca contra resistência, fazendo com que ocorra um atrito entre o tendão do grupo muscular denominado manguito dos rotadores e a articulação acrômio clavicular, causando micro ou macro traumatismo.
Como conseqüência desta lesão, ocorrerá um processo inflamatório que, no caso do tendão envolvido, será definido como tendinite do supra espinhoso, tendinite do sub escapular, tendinite do infra espinhoso, bursite subacromial - deltoidiana etc .
De todas as estruturas do ombro, é o tendão do supra espinhoso o mais comumente acometido. Nos indivíduos mais idosos esta alteração é mais comum, em virtude de um processo degenerativo tissular da própria idade, acrescido de menor grau de elasticidade do tendão. Uma vez confirmado o diagnóstico desta alteração, a correção do movimento errado associado ao uso de antiinflamatórios e às infiltrações com ácido hialuronico de baixo peso molecular, produzem excelentes resultados.
Tendinite do bíceps
Na face anterior do braço encontramos o músculo bíceps braquial, que é formado por duas porções (uma curta e uma longa). Como regra, as patologias do bíceps acometem a porção longa do mesmo, que é aquela onde o esforço de alavanca é mais intenso.
O bíceps braquial é o principal músculo envolvido na flexão do cotovelo, funcionando ainda como músculo acessório na flexão do ombro. Participa ele de atividades musculares do dia a dia, já que a flexão do braço é primordial.
Além da patologia inflamatória do bíceps por micro traumatismos de repetição ou excesso de carga, por vezes, pode ocorrer a sua ruptura, quando a alavanca de esforço é superior ao limite de resistência do tendão ou do músculo. Dentre os esportistas mais sujeitos aos processos inflamatórios e às rupturas do bíceps, encontramos os praticantes de musculação e ginástica localizada, onde o uso excessivo de peso, séries de repetição prolongadas ou mesmo o mau uso dos aparelhos causam ou uma isquemia destas estruturas ou um esforço anormal do eixo de tração, o que vem a acarretar o processo.
Capsulite retrátil
Conhecida também com a denominação de Ombro Congelado, é esta doença um processo inflamatório da cápsula articular que, em virtude da não movimentação do ombro por alguma das doenças já abordadas, vai sofrendo, paulatinamente, um processo de retração, sendo esta uma evolução normal das doenças anteriores, quando não tratadas de maneira conveniente. Para o tratamento desta afecção, torna-se indispensável o reconhecimento do fator causal primário e a sua regularização, sendo que, sem estes, qualquer abordagem terapêutica utilizada não terá o efeito desejado.
Uma vez tratado o fator causal primário, a instituição de um programa de reabilitação bem elaborado associado a medidas analgésicas, antiinflamatórias e, por vezes, a dilatação da cápsula articular por injeção de substâncias expansivas, será de grande valia no processo de recuperação funcional.
A saúde é sempre um bem maior.
Dr. Antonio Carlos Novaes (Reumatologista)
Assistente Estrangeiro da Fac. de Med. de Paris